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Yeda Soares de Lucena Bataus
(Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios – RAN / ICMBio)

Como foi o início da sua carreira e quais as principais motivações para trabalhar com os anfíbios?

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O início de minha carreira foi bem diferente de vocês membros da ASG, pois sou Engenheira Florestal, pela UnB! Sou servidora pública federal desde 1986, inicialmente atuei na área de tecnologia da madeira, no Laboratório de Produtos Florestais do antigo IBDF. De 1992 a 2001, já mestre em Ecologia pela UFG,  fui parecerista de autorizações para uso de material biológico relativos à herpetofauna, realizei pesquisas, orientações e conduzi ações de conservação com tartarugas, pelo antigo Centro Nacional dos Quelônios da Amazônia (Cenaqua/Ibama). Em 2001, o Cenaqua foi extinto e em seu lugar foi criado o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN/ICMBio), onde trabalho até hoje. Na verdade, não atuo exclusivamente com anfíbios, mas com certeza esse grupo da herpetofauna é o que mais demanda tempo de trabalho, principalmente pelo número de espécies que ocorrem no país e sua sensibilidade às mudanças ambientais e climáticas. Ao longo dos anos, no RAN, orientei monografias, TCC, Bolsas PIBIC e supervisionei consultores PNUD e Bolsistas CNPq. Coordenei o setor de autorizações para coleta de material biológico referente à herpetofauna, coordenei o Plano de Ação Herpetofauna Insular e co-coordenei o Plano de Ação Paraíba do Sul e, por último, coordenei o 1º ciclo de avaliação do estado de Conservação dos Répteis e Anfíbios que ocorrem no Brasil. Atualmente faço parte da equipe de Avaliação da Herpetofauna do RAN, sou Validadora do processo de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade no Brasil (ICMBio) e uma das editoras da revista Herpetologia Brasileira.

 

Quais foram as principais conquistas da sua carreira? Qual é o seu trabalho que considera mais importante?

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Duas atuações me trazem uma sensação de que deixei alguma contribuição para a conservação da nossa biodiversidade, uma foi ter participado do processo de idealização e consolidação do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) e, sem dúvida alguma, a que mais me marcou foi ter coordenado o 1º ciclo de avaliação da herpetofauna (2010 a 2014). Foi uma jornada de construção, aprendizado, formação de parcerias e amizades que resultou em um trabalho de grande qualidade e importância para identificação de lacunas de conhecimento e para tomada de decisões voltadas à conservação da herpetofauna e seus habitat.

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Quais foram os principais desafios? Ser mulher fez alguma diferença com relação a eles?

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Ser mulher não fez diferença para alcançar meus objetivos, as dificuldades encontradas foram inerentes ao desenvolvimento de processos/atividades no serviço público, como recursos financeiros minguados, falta de pessoal, sair do planejamento, problemas de comunicação interna, mas tudo isso de alguma forma foi superado e os objetivos alcançados.

 

Que experiência, dica ou conselho você gostaria de passar para aqueles que estão começando a estudar os anfíbios, principalmente para as mulheres?

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Percebe-se que há um número menor de mulheres profissionais atuando com esse grupo animal, cujo motivo eu desconheço. Para aquelas que estão começando a estudar os anfíbios, ressalto que há várias formar de atuação, pode ser no campo, no laboratório, em sala de aula, no escritório, tanto na iniciativa privada como na pública. São animais fascinantes, nem sempre belos, mas como diz o ditado: "Quem ama o feio, bonito lhe parece". Outro dia ouvi uma palestra que falou sobre quais conhecimentos e competências são mais procurados em um profissional da área de ciências biológicas, gostei muito, pois bateu com o que venho observando no mercado de trabalho. Muitas vezes o que pesa na hora da escolha do candidato não é só seu conhecimento e produtividade em determinadas áreas de formação acadêmica, mas sim sua competência e experiência em temas ou ações não ensinados nas universidades. A competência que se destacou no estudo apresentado na palestra foi em Gestão! Perfeito! Uma pessoa com habilidade e/ou experiência em gestão de projeto/processos vai além daquelas que só possuem o conhecimento formal. Fica aí a dica!

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Entrevista publicada em Outubro/2018.

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Ir para a próxima entrevista (Albertina Pimentel Lima).

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