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Albertina Pimentel Lima (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia)

Como foi o início da sua carreira e quais as principais motivações para trabalhar com os anfíbios?

 

O início de qualquer carreira foi difícil, especialmente no meu caso, vindo de escolas públicas do Norte do Brasil. Como todos sabem, as escolas públicas na Região Norte são muito precárias e deficientes. Para entenderem o nível, eu só descobri que havia uma profissão de Bióloga quando conheci Bill Magnusson em 1980. Até então, eu não sabia que poderia andar na mata e observar os animais e ainda ser paga para fazer isso.

 

Quais foram as principais conquistas da sua carreira? Qual é o seu trabalho que considera mais importante?

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O mais difícil foi passar no vestibular para Biologia, eu não tinha base e tive que estudar muito para conseguir. Depois que entrei foi fácil, pois tinha uma sede enorme de conhecimento na área de Biologia. É difícil eleger um trabalho específico, pois todos foram fruto de minha curiosidade ou de parcerias maravilhosas que fiz ao longo da minha carreira.

 

Quais foram os principais desafios? Ser mulher fez alguma diferença com relação a eles?

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No meu caso, o principal desafio foi aprender inglês, que por ter um grau de dislexia até hoje tenho dificuldades. Ser mulher me ajudou muito no tipo de estudo que faço, pois sempre fui melhor que qualquer homem que conheço nas observações de campo e na percepção de padrões. E essa minha habilidade de amazonense fez meus colaboradores e assistentes homens me respeitarem, admirarem e colaborarem com os estudos mais difíceis, em locais remotos e perigosos no interior da Amazônia. Acho que meus assistentes de campo nunca me viram como mulher, mas como chefe, amiga e parceira.

 

Que experiência, dica ou conselho você gostaria de passar para aqueles que estão começando a estudar os anfíbios, principalmente para as mulheres?

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Os Anfíbios, segundo um morador do interior da Amazônia, são os brinquedos de Deus. Segundo ele, Deus criou os Sapos depois que tava cansado de criar o mundo. Ele criou essas criaturas incríveis para brincar, e por isso, fez muitos e de muitas formas e cores. Foi a história mais linda que já ouvi sobre os Anfíbios. Por isso, nós mulheres devemos apreciar esses brinquedos de Deus, e ir ao campo para aprender a brincar. Nada é mais relaxante e intrigante que estar no meio da mata em uma poça com muitos anuros cantando!

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Entrevista publicada em Outubro/2018.

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Ir para a próxima entrevista (Christine Strussmann).

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