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Flora Acuña Juncá (Universidade Estadual de Feira de Santana)

Como foi o início da sua carreira e quais as principais motivações para trabalhar com os anfíbios?

 

Quando entrei na graduação, pensava em trabalhar com Vertebrados, e dava preferência a Aves ou Herpetofauna. Comecei como monitora do Prof. Mario de Vivo, nas aulas da disciplina de Vertebrados. Depois de um ano de formada, o Mario me indicou um professor que estava chegando em São Paulo, na USP, e que trabalhava com Herpetofauna. Aí conheci o Prof. Miguel Trefaut Rodrigues e comecei com um estágio em Manaus, no PDBFF, sob orientação do Miguel e da Bárbara Zimmerman.  Desse estágio, saíram, mais tarde, o mestrado e doutorado.

 

Quais foram as principais conquistas da sua carreira? Qual é o seu trabalho que considera mais importante?

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Ao longo de uma carreira acadêmica, os trabalhos importantes se refletem nas conquistas. Esses trabalhos normalmente são marcos e por isso são sempre lembrados.  Por exemplo, trabalho de mestrado e doutorado, trabalhos produzidos pelos primeiros projetos aprovados no CNPq, os primeiros orientados e assim por diante. Sempre coloco muito empenho em tudo que faço e os produtos, uns mais outros menos glamorosos, são conquistas das quais sinto satisfação e orgulho.

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Quais foram os principais desafios? Ser mulher fez alguma diferença com relação a eles?

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O mundo “fashion” da estatística e o número mágico amostral sempre foram meus maiores desafios... mas, brincadeiras à parte, a burocracia, para quem faz ciência no Brasil, se não é o desafio top, chega perto. Ser mulher compreende uma série de desafios, que, nós mulheres, aprendemos a lidar logo cedo na vida.  Os desafios que as mulheres da minha idade passaram no início da carreira e ao longo dela foram tomando novas formas e, atualmente, se for colocar na balança, não saberia dizer se está mais leve ou não. Tive sorte na vida, pois minha mãe desafiou meu pai e disse que sim, eu iria sair de casa para poder estudar. Se não fosse por ela, hoje talvez minha situação seria muito diferente. Quantas mulheres, talvez mais talentosas e brilhantes, foram conduzidas a outro destino por falta de apoio? Atualmente, a depressão, que parece acometer mais mulheres que homens, tem tomado uma proporção relevante entre os alunos de graduação e pós-graduação. Tive alunas que se declararam com depressão no meio do mestrado. Complicado. Por outro lado, parece que tem uma nova geração de herpetólogas aí que vão fazer muita diferença neste país.  Sou fã das herpetogirls! E tem muito mais nesse Brasil!

 

Que experiência, dica ou conselho você gostaria de passar para aqueles que estão começando a estudar os anfíbios, principalmente para as mulheres?

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Lembrar sempre que estudar anfíbios é um privilégio! Não ter preconceitos com nada nem com ninguém e respeitar as limitações das pessoas, principalmente batracofóbicos (que não são poucos). Mulheres, brilhem!

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Entrevista publicada em Outubro/2018.

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Ir para a próxima entrevista (Gilda Vasconcellos Andrade).

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